domingo, 5 de fevereiro de 2012


OS CAFONAS NA MIRA DA REPRESSÃO:
A MÚSICA BREGA E A DITADURA MILITAR

Uma proposta de trabalho escolar

Josenaide Magalhães da Silva Araujo

A  linguagem musical sempre esteve presente na vida dos seres humanos exercendo influência de amplitude infinita e inclusive fazendo parte da educação de crianças e adultos. As canções expressam em muitos casos, uma realidade histórica constituindo-se em um acervo importante para se conhecer melhor ou revelar zonas obscuras das histórias do cotidiano nos diversos segmentos sociais, encarados como uma rica fonte para compreender certas realidades da cultura popular e desvendar a história de setores da sociedade pouco lembrados pela historiografia.
É com este propósito que elaboramos a nossa proposta de trabalho pautada em uma incursão pela música popular “cafona” e seus meandros com a ditadura militar dos anos 70. A música dita cafona, nos ajudando a compreender o período ditatorial do nosso país e o cotidiano de uma década, marcada pela genialidade dos compositores populares que de forma discriminatória receberam o rótulo de “BREGA”.
Pois bem, é esse estilo musical considerado de mau gosto e simplista, pelos críticos da área, que iremos explorar. Tomando como parâmetro o livro do pesquisador Paulo César Araujo:” Eu não sou cachorro não”, faremos uma viagem pelo Brasil ditatorial, nos detendo na década de 70, período de maior acirramento da ditadura militar brasileira. É nosso intuito revelar que esses compositores, como afirma Odair José “Os cronistas do simples”, tiveram muitas de suas canções censuradas pelo regime militar, tais como: Waldik Soriano: Tortura de amor, Benito de Paula: Trapézio, a dupla Dom e Ravel: Animais irracionais, Lindomar Castilho: Eu canto o que o povo quer, Odair José: Uma vida só (Pare de tomar a pílula), etc.Esses artistas do povo, que com sua linguagem simples, souberam como poucos cantar o cotidiano dos excluídos desse país, como exemplos citamos: Fernando Mendes:Cadeira de rodas, Cláudio Fontana: Se Jesus fosse um homem de cor, Wando: O Ferroviário.A discriminação aos homossexuais, aos portadores de deficiência física, os descasos com as empregadas domésticas, a dureza diária da labuta dos trabalhadores braçais, nunca foram tão bem musicados por esses arautos da nossa música popular “cafona”.
“Pretendemos, portanto, estudar a ditadura militar através das músicas censuradas desses artistas maculados como bregas, como também, todo um estilo de vida, como: vestuário, mobiliário, culinária, etc., que envolvia o povo brasileiro nos anos de chumbo”. Segundo Cabrera em seu livro Almanaque da música brega: ”Deixe o seu preconceito de lado e todos os estereótipos que possam enumerar e aproveite a oportunidade, talvez única, de conhecer a vida e obra de artistas genuinamente populares”.

- BIBLIOGRAFIA: - Araujo, Paulo Cesar de
                                     Eu não sou cachorro não. Rio de Janeiro: Record, 2002

                                    -Cabrera, Antonio Carlos
                                      Mofolândia. São Paulo: Panda Books, 2005

                                    -Cabrera, Antonio Carlos
                                     Almanaque da música brega. São Paulo: Matrix, 2007



Público Alvo: alunos do 9º ano do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio;
Disciplinas:História, Arte, Sociologia, Filosofia

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