OS CAFONAS NA MIRA DA REPRESSÃO:
A MÚSICA BREGA E A DITADURA MILITAR
Uma proposta de
trabalho escolar
Josenaide Magalhães da Silva Araujo
A linguagem musical sempre esteve presente na
vida dos seres humanos exercendo influência de amplitude infinita e inclusive
fazendo parte da educação de crianças e adultos. As canções expressam em muitos
casos, uma realidade histórica constituindo-se em um acervo importante para se
conhecer melhor ou revelar zonas obscuras das histórias do cotidiano nos
diversos segmentos sociais, encarados como uma rica fonte para compreender
certas realidades da cultura popular e desvendar a história de setores da
sociedade pouco lembrados pela historiografia.
É com este propósito que
elaboramos a nossa proposta de trabalho pautada em uma incursão pela música
popular “cafona” e seus meandros com a ditadura militar dos anos 70. A música dita cafona, nos
ajudando a compreender o período ditatorial do nosso país e o cotidiano de uma
década, marcada pela genialidade dos compositores populares que de forma
discriminatória receberam o rótulo de “BREGA”.
Pois bem, é esse estilo
musical considerado de mau gosto e simplista, pelos críticos da área, que
iremos explorar. Tomando como parâmetro o livro do pesquisador Paulo César
Araujo:” Eu não sou cachorro não”, faremos uma viagem pelo Brasil ditatorial,
nos detendo na década de 70, período de maior acirramento da ditadura militar brasileira.
É nosso intuito revelar que esses compositores, como afirma Odair José “Os
cronistas do simples”, tiveram muitas de suas canções censuradas pelo regime
militar, tais como: Waldik Soriano: Tortura de amor, Benito de Paula: Trapézio,
a dupla Dom e Ravel: Animais irracionais, Lindomar Castilho: Eu canto o que o
povo quer, Odair José: Uma vida só (Pare de tomar a pílula), etc.Esses artistas
do povo, que com sua linguagem simples, souberam como poucos cantar o cotidiano
dos excluídos desse país, como exemplos citamos: Fernando Mendes:Cadeira de
rodas, Cláudio Fontana: Se Jesus fosse um homem de cor, Wando: O Ferroviário.A
discriminação aos homossexuais, aos portadores de deficiência física, os
descasos com as empregadas domésticas, a dureza diária da labuta dos
trabalhadores braçais, nunca foram tão bem musicados por esses arautos da nossa
música popular “cafona”.
“Pretendemos, portanto,
estudar a ditadura militar através das músicas censuradas desses artistas
maculados como bregas, como também, todo um estilo de vida, como: vestuário,
mobiliário, culinária, etc., que envolvia o povo brasileiro nos anos de
chumbo”. Segundo Cabrera em seu livro Almanaque da música brega: ”Deixe o seu
preconceito de lado e todos os estereótipos que possam enumerar e aproveite a
oportunidade, talvez única, de conhecer a vida e obra de artistas genuinamente
populares”.
-
BIBLIOGRAFIA: - Araujo, Paulo Cesar de
Eu não sou cachorro
não. Rio de Janeiro: Record, 2002
-Cabrera, Antonio Carlos
Mofolândia. São Paulo: Panda Books, 2005
-Cabrera, Antonio
Carlos
Almanaque da música brega. São Paulo: Matrix, 2007
Público
Alvo: alunos do 9º ano do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio;
Disciplinas:História,
Arte, Sociologia, Filosofia
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